A alma de toda a gente tem cercanias.
A minha, não tem.
É um descampado.
Não tem telhado, não tem paredes.
Muitas vezes, nem chão.
E sinto no peito as encostas
de tudo o que sangra e corrói.
Também, toda a beleza me visita sem licença
E a poesia de tudo me acontece.
Mas a beleza, não raro, ela fere.
As garras de um beija-flor podem ser mortais
A uma alma sem pele.
Então, por isso, as vezes me exaspero e brigo
Para que o meu peito, em desabrigo,
Não seja tão violado.
Mas quando me sai o protesto,
minhas palavras também me sangram
E morro mais um tanto por dentro.
Já não quero a palavra que afugenta a dor.
Quero o silêncio que cicatriza a ferida
E que a prepara para a dor mais forte:
A própria dor da Vida.
A minha, não tem.
É um descampado.
Não tem telhado, não tem paredes.
Muitas vezes, nem chão.
E sinto no peito as encostas
de tudo o que sangra e corrói.
Também, toda a beleza me visita sem licença
E a poesia de tudo me acontece.
Mas a beleza, não raro, ela fere.
As garras de um beija-flor podem ser mortais
A uma alma sem pele.
Então, por isso, as vezes me exaspero e brigo
Para que o meu peito, em desabrigo,
Não seja tão violado.
Mas quando me sai o protesto,
minhas palavras também me sangram
E morro mais um tanto por dentro.
Já não quero a palavra que afugenta a dor.
Quero o silêncio que cicatriza a ferida
E que a prepara para a dor mais forte:
A própria dor da Vida.
(Autor desconhecido)
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