sexta-feira, 30 de abril de 2010

Delicadeza








É uma delicadeza
Um domingo a tarde contigo no sofá
Receber tua cabeça em minhas pernas
Alisar teu cabelo, escutar teus sonhos
Ver o teu riso se transformar em choro
E de um choro pular a um extremo gozo
Ver teus medos se espalhando pela sala
Sentir teus planos abraçando corpo e alma
A TV ligada, mas nada nos importa
Não nos pertence mais o mundo lá fora,
Nem as horas, nem os sons das buzinas,
Nada nos tira do nosso momento de agora


(Cáh Morandi)




Feito flor







ele diz que sou flor
e de repente me toca
me abre e respira
me chama pra vida
pétala por pétala
no chão despida

(Cáh Morandi)




Uma poesia para nós






ninguém acredita da forma
que a gente se cola e gruda
uma pele na outra, nuas
a coisa vira tão única
que nessa loucura
um corpo no outro
a gente tatua;
o que irão dizer
todos os sábios
quando souberem
que em um abraço
a gente ocupa
o mesmo lugar
no espaço?


(Cáh Morandi)




Eterno segundo





a eternidade não passa disso:
desse pequeno momento
em que pisco os olhos
e de repente te observo;
e toda vida está ali
exatamente intocável,
pronta a nascer ou morrer
diante de um “sempre”
que sobrevive um segundo

(Cáh Morandi)



Romântica






Queria uma palavra que quando escrita

exalasse cheiro, textura e sabor,

que tivesse contida nela toda a biografia do sentimento,

toda memória impressa, uma certa grafia.

Que se desfiada cheirasse a chuva,

tivesse a
textura da sua pele

e o sabor de fruta fresca colhida no pé.

Quisera eu
poder soprar como o vento

e ser sempre seu rumo.


Ser facho de luz e fazer-me mais presente.

Sou semântica.

Sou romântica.