sábado, 29 de agosto de 2009


"Você era uma pequena folha que tremeu em meu tórax.
O vento da vida a pôs lá.
Em um princípio eu não a vi: eu não soube que você foi caminhando comigo, até suas raízes furarem meu tórax, se uniram às linhas de meu sangue, falaram por minha boca, e floresceram comigo."
(Pablo Neruda)

Saudade
























Saudade é amar um passado que
ainda não passou,
É recusar um presente
que nos machuca,
É não ver o futuro
que nos convida...''

(Pablo Neruda)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Canteiros

"Quando penso em você, fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa, menos a felicidade
Correm os meus dedos longos em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego já me traz contentamento
Pode ser até manhã, cedo, claro, feito dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria
Eu só queria ter do mato um gosto de framboesa
Prá correr entre os canteiros e esconder minha tristeza
Que eu ainda sou bem moço prá tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida,
Pois se não chega a morte ou coisa parecida
E nos arrasta moço sem ter visto a vida."

Seedbeds (free translation)

"When I think about you, I close my eyes of nostalgia
I have had much things, less the happiness
My long fingers run in sad verses that I invent
Nothing what I do give me satisfaction
It can be until morning, early, clearly, made day
But nothing of what they say to me, makes me to feel joy
I only wanted to have of the weeds a raspberry taste
To run between the seedbeds and to hide my sadness
That I am so young for much sadness
And let us leave of thing, let us take care of the life
Therefore if the death or similar thing does not arrive
And drag us still young, without see the life."

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Desabafo...


Não havia nada que eu pudesse fazer, mas eu fiz. Alcançar tal coisa era impossível, e eu a busquei. Não havia mais esperanças, e eu as mantive.Não restava tempo para mais nada, mas eu lutei até a última hora. Não queriam mais. Eu insisti. A última palavra havia sido dada, mas eu ainda assim falei. Enfim... Estou passando pela vida e tudo vai se fechando. Mas a felicidade está em mim. Pois se nada tenho, por tudo lutei. E sem me arrepender de nada, poderei dizer eternamente que tentei...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Quero ainda



Quero ainda
brincar com estrelas
acreditar que tudo sarou
adormecer e com a lua acordar um duende

lamber os dedos ao término do sorvete
ver os meninos de rua
vestir um short e conhecer sua canção valente

esquecer de crescer por horas a fio
bater um tambor, tirar algum som da flauta esquecida
virar a casaca, escalar nuvens, subir escadas de neon...

deitar na relva, regar sem pressa meu jardim
colher sementes de esperança
nas asas dos colibris...

despir-me das feituras
esquecer dos papéis que interpretei e
sem vinho, à santa loucura (poesia) entregar-me

e, preparar-me para dar-te
se desejares,
o frescor aromático das manhãs...
(Léo Scartezzine)

Tempo


"Há razão para mudar o tempo
mas, há razão para querer pará-lo.

Há razão para matar o tempo
como há razão para sonhá-lo

Há razão para existir no tempo
razão também há para ele existir, somente

Porém, há uma razão maior:
a de tornar infinito
o pouco que resta do tempo."
Léo Scartezzini

RAVEL ME ABANDONOU


"Ontem
não te vi!
Ontem
não te falei!
Ontem
não te ouvi!

Andei perdida
pensando
que me encontrava...

Ontem
não dormi...

pensei em ti!

Ontem,
não tive
Rosas
no
meu jardim
nem
melodias
noturnas !

Ontem,
Ravel
me
abandonou ..."
(Luiza Caetano)

Metade


"Eu perco o chão. Eu não acho as palavras. Eu ando tão triste. Eu ando pela sala. Eu perco a hora. Eu chego no fim. Eu deixo a porta aberta. Eu não moro mais em mim. Eu perco as chaves de casa. Eu perco o freio. Estou em milhares de cacos. Eu estou ao meio. Onde será que você está agora?"

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Flor da Pele - Zeca Baleiro

Ando tão à flor da pele,
Que qualquer beijo de novela me faz chorar,
Ando tão à flor da pele,
Que teu olhar flor na janela me faz morrer,
Ando tão à flor da pele,
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser,
Ando tão à flor da pele,
Que a minha pele tem o fogo do juízo final.

Um barco sem porto,
Sem rumo,
Sem vela,
Cavalo sem sela,
Um bicho solto,
Um cão sem dono,
Um menino,
Um bandido,
Às vezes me preservo noutras suicido.

Oh sim eu estou tão cansado,
Mas não pra dizer,
Que não acredito mais em você
Eu não preciso de muito dinheiro graças a Deus
Mas vou tomar aquele velho navio,
Aquele velho navio..

Um barco sem porto,
Sem rumo,
Sem vela,
Cavalo sem sela,
Um bicho solto,
Um cão sem dono,
Um menino,
Um bandido,
Às vezes me preservo noutras suicido.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Fanatismo


Minh'alma, de sonhar-te anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No mist'rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!...

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."
(Florbela Espanca)

Os silêncios



Não entendo os silêncios
que tu fazes
nem aquilo que espreitas
só comigo

Se escondes a imagem
e a palavra
e adivinhas aquilo
que não digo

Se te calas
eu ouço e eu invento

Se tu foges
eu sei não te persigo

Estendo-te as mãos
dou-te a minha alma
e continuo a querer
ficar contigo.
(Maria Tereza Horta)



sábado, 1 de agosto de 2009