domingo, 18 de dezembro de 2011

Todo Cambia

Time


Cambia lo superficial
cambia también lo profundo
cambia el modo de pensar
cambia todo en este mundo

Cambia el clima con los años
cambia el pastor su rebaño
y así como todo cambia
que yo cambie no es extraño

Cambia el mas fino brillante
de mano en mano su brillo
cambia el nido el pajarillo
cambia el sentir un amante

Cambia el rumbo el caminante
aunque esto le cause daño
y así como todo cambia
que yo cambie no extraño

Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia

Cambia el sol en su carrera
cuando la noche subsiste
cambia la planta y se viste
de verde en la primavera

Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
y así como todo cambia
que yo cambie no es extraño

Pero no cambia mi amor
por mas lejos que me encuentre
ni el recuerdo ni el dolor
de mi pueblo y de mi gente

Lo que cambió ayer
tendrá que cambiar mañana
así como cambio yo
en esta tierra lejana

Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia

Pero no cambia mi amor...




Composição: Julio Numhauser

Voz: Mercedes Sosa

Foto: Gall Freitas
http://www.flickr.com/photos/gallfreitas/




Luz no passado do futuro da história.





"Sabedoria e instinto milenar, a imagem pode ser considerada a técnica mais antiga de transmitir ensinamentos entre gerações. Desde sempre, a história do planeta e de seus habitantes é contada e representada pela interpretação dos símbolos-signos das imagens de suas obras. A imagem desempenha o papel de mais poderoso agente na capacidade de instigar a memória e polinizar a capacidade de raciocinar e sentir. Ela integraliza o passado e o futuro no presente. Congela e classifica os momentos dispondo as ferramentas que precisamos usar para o conhecimento de nossa própria história e o desfrute sensorial e intelectual.
A gramática e a ética da imagem e do ato de ver nos permitem conhecer novos códigos visuais a cada geração de fotógrafos, que alteram e ampliam nossas noções sobre o que deve ser visto e o que temos direito de poder observar. O grande mosaico visual criado a partir de 1839, quando se começou a fotografar tudo e todos, nos oferece a sensação de ter o mundo nas mãos com essa antologia universal de visões fotográficas. Imagens que, como acredita Susan Sontag, vão iluminar a caverna de Platão e seus moradores na busca pela verdade e compreensão da realidade."



João Bittar (1951 - 2011)



Foto: Peu Robles
http://www.peurobles.com/
http://www.flickr.com/photos/peurobles







domingo, 11 de dezembro de 2011

...

Extraordinary Vision



"Trago no olhar visões extraordinárias de coisas
que abracei de olhos fechados..."



"I bring in my gaze extraordinary visions of things
that I embraced with closed eyes..."



(Florbela Espanca)



Boxcar

Train 03


I'm just a passenger
on this old freight train
I ride the boxcar
through the night
It doesn't matter
where I might get off
I doesn't matter where I lie.

I've been to cities,
I've been to countries
I've left a lover in many towns
I don't care if
I ever get back to
Where I'd already been around.

I'm like an eagle,
I like to fly high
I'm like a snake,
I like to lay low
I'm like a black man,
I'm like a white man
Maybe a red man, I don't know.

I'm just a passenger
on this old freight train
I ride the boxcar
through the night
It doesn't matter
where I might get off
I doesn't matter where I lie.


(Neil Young)



Photo by Gall Freitas


http://grooveshark.com/s/Boxcar+Album+Version+/2v4wHn?src=5




segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Sintomas

nocturnalmirrorshow - revisited



- DOUTOR, ESTOU SENTINDO UMA RIMA TERRÍVEL.

- Onde é que dói?

- Às vezes, é bem aqui no peito. Às vezes, é uma pontada, aqui na cabeça.

- O que é que o senhor faz, quando dói muito?

- Quando eu não agüento mais, eu faço um poema.

- Um o quê?

- Um poema. É um espécie de mancha que dá bem no meio da página. Tem umas apavorantes. Mas também tem manchas lindas.

- E desde quando lhe acontecem esses poemas?

- Desde sempre. Desde quando, antes do ventre da minha mãe, eu fui pensado em alguma galáxia distante, por um planeta boiando na luz de um sol azul-amarelo-vermelho-verde-prata...

- Deixe-me ver sua língua.

- O senhor não leve a mal, mas é uma língua apenas portuguesa. Pouca gente no mundo já viu uma língua como essa.

- É, está feia sua língua. Mas não se incomode, que língua portuguesa ninguém presta atenção.- Não é só a língua, doutor. Às vezes, tenho visões.

- Visões?

- É, vejo círculos, quadrados, triângulos inscritos em hexágonos, e linhas, linhas, linhas...

- O senhor conhece matemática?

- Só de nome.

- É, é mais grave do que eu pensava.

- Vou morrer?

- Um dia vai. Mas antes vai ser pior. O senhor pode ficar famoso.

- Pra sempre?

- Não, quando é para sempre a gente chama glória. A fama passa.

- Ainda bem.

- Mas incomoda muito. Não tem horas em que o senhor sente que tem um estádio inteiro lhe aplaudindo de pé?

- Onde, doutor?

- Dentro da sua cabeça, é claro. Onde mais?

- Que alívio o senhor me contar isso. Pensei que estava ficando louco.

- Quem sabe? Quem sabe o que é loucura?

- Vá saber.

- Deixa eu completar os exames. Tem sentido muitos sintomas de concretismo gástrico ultimamente?

- Só quando eu vejo uma folha de letraset.

- Perfeito. Tem sentindo algum soneto?

- Só de manhã, quando eu vou dormir de estômago vazio.

- Impulsos marginais?

- Depois que fui editado pela Brasiliense, meus sintomas marginais desapareceram. Deviam ser conseqüência do abuso da solidão e do provincialismo paroquial.

- Nada de pornô, espero.

- Um filho-da-puta aqui. Um caralho ali. Porra. Cabaço. Gozar. Só essas coisinhas corriqueiras, que vovó não deixava dizer, mas estão no Aurélio.

- Entendo. Não admira que o senhor tenha tido tantos poemas recentemente. Mas vou receitar uma dieta que vai lhe deixar tão bom quanto qualquer subgerente de vendas.

- Antes disso, será que o senhor não me deixava cantar alguma coisa?

- Cantar? Mas eu não tenho nada aqui para o senhor cantar.

- Pode deixar que eu trouxe umas canções comigo.

- Cuidado. Cantar demais faz mal.

- Não se preocupe, doutor. Eu só vou cantar um pouquinho.

- Está bem. Pode começar.

- Desafinar um pouquinho, não ligue. É assim mesmo:


"Se houver céu depois da terra

e nessa estrela

a eterna primavera

pudera, tomara, que a vida quisera

que a gente se encontrara.

Proutra vida fica,

nosso amor mais louco,

fica tudo muito mais bonito,

fica a dita que faltou pro pouco,

se houver céu...

Se houver céu,

como nessa vida não há,

a gente se achou bichinha

a gente se encontrará,

a gente se encontrará..."


- Letra e música suas?

- Letra e música.

- I see. Deixa-me ver. O senhor tem algum vício?

- Eu amo uma mulher chamada Alice.

- Há muito tempo?

- A vida toda.

- O senhor é o caso mais grave de poesia que eu já vi até agora. Preciso consultar uns colegas.

- O que é que eu faço, doutor?

- Tome duas estrofes e me telefone amanhã cedo, sem falta.


(Paulo Leminski)


Link
Imagem: Mizzie Morawez



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Dança da solidão




Solidão é lava que cobre tudo
Amargura em minha boca
Sorri seus dentes de chumbo
Solidão palavra cavada no coração
Resignado e mudo
No compasso da desilusão
Desilusão, desilusão
Danço eu dança você
Na dança da solidão
Camélia ficou viúva, Joana se apaixonou
Maria tentou a morte, por causa do seu amor
Meu pai sempre me dizia, meu filho tome cuidado
Quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado
Desilusão, desilusão
Danço eu dança você
Na dança da solidão
Quando vem a madrugada, meu pensamento vagueia
Corro os dedos na viola, contemplando a lua cheia
Apesar de tudo existe, uma fonte de água pura
Quem beber daquela água não terá mais amargura.

(Paulinho da Viola)

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Homenagem ao Dia Nacional do Samba - 02 de dezembro

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Imagem: "Samba e cores" de Marlez
http://www.arteealgomais.org/2011/02/obras-do-artista-plastico-marlez.html

vídeo:
http://youtu.be/w1vWIzW7nXY