Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive.
Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias.
A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sempre Iguais a nós-próprios.
Suave é viver só. Grande e nobre é sempre Viver simplesmente. Deixa a dor nas aras Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida. Nunca a interrogues. Ela nada pode Dizer-te. A resposta Está além dos deuses.
Mas serenamente Imita o Olimpo No teu coração. Os deuses são deuses Porque não se pensam.
Companheiro, morto desassombrado, rosácea ensolarada quem senão eu, te cantará primeiro. Quem senão eu pontilhada de chagas, eu que tanto te amei, eu que bebi na tua boca a fúria de umas águas eu, que mastiguei tuas conquistas e que depois chorei porque dizias: “amor de mis entrañas, viva muerte”. Ah! Se soubesses como ficou difícil a Poesia. Triste garganta o nosso tempo, TRISTE TRISTE. E mais um tempo, nem será lícito ao poeta ter memória e cantar de repente: “os arados van e vên dende a Santiago a Belén”.
Os cardos, companheiro, a aspereza, o luto a tua morte outra vez, a nossa morte, assim o mundo: deglutindo a palavra cada vez e cada vez mais fundo. Que dor de te saber tão morto. Alguns dirão: Mas se está vivo, não vês? Está vivo! Se todos o celebram Se tu cantas! ESTÁS MORTO. Sabes por quê?
“El passado se pone su coraza de hierro y tapa sus oídos con algodón del viento. Nunca podrá arrancársele un secreto...”
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma Até quando o corpo pede um pouco mais de alma A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa Eu me recuso, faço hora, vou na valsa A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal E a loucura finge que isso tudo é normal Eu finjo ter paciência O mundo vai girando cada vez mais veloz A gente espera do mundo e o mundo espera de nós Um pouco mais de paciência
Será que é tempo que lhe falta pra perceber Será que temos esse tempo pra perder E quem quer saber A vida é tão rara (tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma Até quando o corpo pede um pouco mais de alma Eu sei, a vida não para (a vida não para não)
Será que é tempo que lhe falta pra perceber Será que temos esse tempo pra perder E quem quer saber A vida é tão rara (tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma Até quando o corpo pede um pouco mais de alma Eu sei, a vida é tão rara a vida não para não a vida é tão rara
(...) Eu soube, então, a idéia lacerante que o atormenta, e o faz correr, e o faz olhar, tristonho, o céu radiante, radiante, e alheio ao seu sofrer: de matou aquela que adorava...
No entanto (ouvi) cada um mata o que adora: o seu amor, o seu ideal. Alguns com uma palavra de lisonja, outros com um duro olhar brutal, O covarde assassina dando um beijo, o bravo, mata com um punhal.
Uns matam o Amor, velhos; outros, jovens; (quando o amor finda, ou o amor começa); matam-no alguns com a mão do Ouro, e alguns com a mão da Carne — a mão possessa! E os mais bondosos, esses apunhalam, - que a morte, assim, vem mais depressa.
Há corações vendidos, e há comprados; uns amam, pouco, outros demais; há quem mate a chorar, vertendo lágrimas, ou a sorrir, sem dor, sem ais. Todo homem mata o Amor; porém, nem sempre, nem sempre as sortes são iguais." (...)
Conheço as pessoas pelo olhar, Escolho meus amigos pela pupila, Pela força do olhar dilatado, ...Pelas lágrimas que neles brotam, Pelas íris abertas que riem. Tem que ter brilho questionador Tonalidade inquietante, impaciente, E transparência translúcida.
Não me interessam somente os bons de espírito, Nem somente os maus de hábitos. Não me interessam personalidades fracas, Nem os de mau caráter. Fico com aqueles que fazem de mim louco varrido E provoquem a minha santidade, Que me tragam dúvidas e angústias, Ansiedades e medos e adrenalina, E aguentem o que há de bom e de pior em mim.
Escolho meus amigos pela cara lavada E pela alma exposta, Pela anarquia intrínseca. Não quero só o ombro ou o colo nas horas tristes, Quero também sua maior alegria, Suas gargalhadas barulhentas e estridentes. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto!
Meus amigos precisam ser assim: originais, Metade bobeira e criancices, Outra metade seriedade e crescimento. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios e palhaços, Daqueles que fazem da realidade Concretização de sonhos E sua fonte de aprendizagem, Mas lutam para que a poesia da vida E a fantasia e os sonhos não desapareçam.
Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, E o valor de continuarem brincando com a vida; E velhos, para que nunca tenham pressa, E que sejam verdadeiros e sejam puros. Tenho amigos para saber quem eu sou, Pra brincar, cantar juntos, fazer piqueniques, Contar piadas tolas, e muito rir.
Loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, Nunca me esquecerei de que a "normalidade" É uma ilusão imbecil e estéril. Por isto, quero ser o supra-sumo E possivelmente o resumo Do amar-nos uns aos outros.
Getulio Junior Adaptação a texto de Oscar Wilde Vassouras, Rio de Janeiro, 08. 09. 2009