"Sabedoria e instinto milenar, a imagem pode ser considerada a técnica mais antiga de transmitir ensinamentos entre gerações. Desde sempre, a história do planeta e de seus habitantes é contada e representada pela interpretação dos símbolos-signos das imagens de suas obras. A imagem desempenha o papel de mais poderoso agente na capacidade de instigar a memória e polinizar a capacidade de raciocinar e sentir. Ela integraliza o passado e o futuro no presente. Congela e classifica os momentos dispondo as ferramentas que precisamos usar para o conhecimento de nossa própria história e o desfrute sensorial e intelectual. A gramática e a ética da imagem e do ato de ver nos permitem conhecer novos códigos visuais a cada geração de fotógrafos, que alteram e ampliam nossas noções sobre o que deve ser visto e o que temos direito de poder observar. O grande mosaico visual criado a partir de 1839, quando se começou a fotografar tudo e todos, nos oferece a sensação de ter o mundo nas mãos com essa antologia universal de visões fotográficas. Imagens que, como acredita Susan Sontag, vão iluminar a caverna de Platão e seus moradores na busca pela verdade e compreensão da realidade."
I'm just a passenger on this old freight train I ride the boxcar through the night It doesn't matter where I might get off I doesn't matter where I lie.
I've been to cities, I've been to countries I've left a lover in many towns I don't care if I ever get back to Where I'd already been around.
I'm like an eagle, I like to fly high I'm like a snake, I like to lay low I'm like a black man, I'm like a white man Maybe a red man, I don't know.
I'm just a passenger on this old freight train I ride the boxcar through the night It doesn't matter where I might get off I doesn't matter where I lie.
- Às vezes, é bem aqui no peito. Às vezes, é uma pontada, aqui na cabeça.
- O que é que o senhor faz, quando dói muito?
- Quando eu não agüento mais, eu faço um poema.
- Um o quê?
- Um poema. É um espécie de mancha que dá bem no meio da página. Tem umas apavorantes. Mas também tem manchas lindas.
- E desde quando lhe acontecem esses poemas?
- Desde sempre. Desde quando, antes do ventre da minha mãe, eu fui pensado em alguma galáxia distante, por um planeta boiando na luz de um sol azul-amarelo-vermelho-verde-prata...
- Deixe-me ver sua língua.
- O senhor não leve a mal, mas é uma língua apenas portuguesa. Pouca gente no mundo já viu uma língua como essa.
- É, está feia sua língua. Mas não se incomode, que língua portuguesa ninguém presta atenção.- Não é só a língua, doutor. Às vezes, tenho visões.
- Visões?
- É, vejo círculos, quadrados, triângulos inscritos em hexágonos, e linhas, linhas, linhas...
- O senhor conhece matemática?
- Só de nome.
- É, é mais grave do que eu pensava.
- Vou morrer?
- Um dia vai. Mas antes vai ser pior. O senhor pode ficar famoso.
- Pra sempre?
- Não, quando é para sempre a gente chama glória. A fama passa.
- Ainda bem.
- Mas incomoda muito. Não tem horas em que o senhor sente que tem um estádio inteiro lhe aplaudindo de pé?
- Onde, doutor?
- Dentro da sua cabeça, é claro. Onde mais?
- Que alívio o senhor me contar isso. Pensei que estava ficando louco.
- Quem sabe? Quem sabe o que é loucura?
- Vá saber.
- Deixa eu completar os exames. Tem sentido muitos sintomas de concretismo gástrico ultimamente?
- Só quando eu vejo uma folha de letraset.
- Perfeito. Tem sentindo algum soneto?
- Só de manhã, quando eu vou dormir de estômago vazio.
- Impulsos marginais?
- Depois que fui editado pela Brasiliense, meus sintomas marginais desapareceram. Deviam ser conseqüência do abuso da solidão e do provincialismo paroquial.
- Nada de pornô, espero.
- Um filho-da-puta aqui. Um caralho ali. Porra. Cabaço. Gozar. Só essas coisinhas corriqueiras, que vovó não deixava dizer, mas estão no Aurélio.
- Entendo. Não admira que o senhor tenha tido tantos poemas recentemente. Mas vou receitar uma dieta que vai lhe deixar tão bom quanto qualquer subgerente de vendas.
- Antes disso, será que o senhor não me deixava cantar alguma coisa?
- Cantar? Mas eu não tenho nada aqui para o senhor cantar.
- Pode deixar que eu trouxe umas canções comigo.
- Cuidado. Cantar demais faz mal.
- Não se preocupe, doutor. Eu só vou cantar um pouquinho.
- Está bem. Pode começar.
- Desafinar um pouquinho, não ligue. É assim mesmo:
"Se houver céu depois da terra
e nessa estrela
a eterna primavera
pudera, tomara, que a vida quisera
que a gente se encontrara.
Proutra vida fica,
nosso amor mais louco,
fica tudo muito mais bonito,
fica a dita que faltou pro pouco,
se houver céu...
Se houver céu,
como nessa vida não há,
a gente se achou bichinha
a gente se encontrará,
a gente se encontrará..."
- Letra e música suas?
- Letra e música.
- I see. Deixa-me ver. O senhor tem algum vício?
- Eu amo uma mulher chamada Alice.
- Há muito tempo?
- A vida toda.
- O senhor é o caso mais grave de poesia que eu já vi até agora. Preciso consultar uns colegas.
- O que é que eu faço, doutor?
- Tome duas estrofes e me telefone amanhã cedo, sem falta.
Solidão é lava que cobre tudo Amargura em minha boca Sorri seus dentes de chumbo Solidão palavra cavada no coração Resignado e mudo No compasso da desilusão Desilusão, desilusão Danço eu dança você Na dança da solidão Camélia ficou viúva, Joana se apaixonou Maria tentou a morte, por causa do seu amor Meu pai sempre me dizia, meu filho tome cuidado Quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado Desilusão, desilusão Danço eu dança você Na dança da solidão Quando vem a madrugada, meu pensamento vagueia Corro os dedos na viola, contemplando a lua cheia Apesar de tudo existe, uma fonte de água pura Quem beber daquela água não terá mais amargura.
(Paulinho da Viola)
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Homenagem ao Dia Nacional do Samba - 02 de dezembro