quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Carta ao sentimento de perda




Caro sentimento de perda:


Quando você vier, peço que seja tranqüilo e brando.

Não me faça entrar em desespero,
Pois tenho que lidar com o que perdi, com o que ficou,
Comigo e com você.
Peço também para que não seja vazio e sem sentido,
De tal maneira que,
Mesmo que sua presença seja algo negativo,
Eu possa colher algo que me faça amadurecer
Nesse estado ressentido.

Venha, e quando vier,
Faça-me sentir que perdi apenas o que realmente foi embora,
E não todas as milhares de coisas ao meu redor que me fazem
Ter motivos para viver.
Já que você tem que vir, que me morda e me assopre,
Não me faça afogar em lágrimas
E nem me sufocar no meu amor-próprio,
Mas sim a noção de que as coisas vão e vêm,
E que nenhuma Vida é um caminho de terra trilhado
No meio dos campos verdejantes,
E sim asfalto esburacado no meio de uma cidade barulhenta
E cheia de curvas.

Ao invés de me prender à coisa perdida,
Venha e me traga a Liberdade daqueles que amam puramente,
Sem egoísmo e com olhares gauché sobre tudo que já foi embora,
Prezando apenas pelo bem-estar dos que ficaram e de mim mesmo.

Enfim, queridíssimo Sentimento de Perda,
Seja Divino, e não Humano.

(Bruno Marconi da Costa)




Nenhum comentário: