Devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
O ódio transforma-se em tempo,
o amor transforma-se em tempo,
a dor transforma-se em tempo.
Os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.
Por si só, o tempo não é nada.
A idade de nada é nada.
A eternidade não existe.
No entanto, a eternidade existe:
Os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
Os instantes do teu sorriso eram eternos.
Os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"
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